Seis anos<br>de resistência heróica

Filipe Ferreira

Guerra de agressão provocou centenas de milhares de mortos e feridos

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Há já seis anos que a Síria e o seu povo enfrentam e resistem heroicamente a uma cruel agressão, resultante da ingerência imperialista dos EUA, França, Reino Unido, Israel, Turquia, Arábia Saudita, e Qatar, entre outros, e da acção de terror de grupos de mercenários financiados, treinados, armados ou apoiados por estes mesmos países, procurando através da violência sectária destruir o Estado sírio, incluindo a sua tradição secular, laica e de liberdade religiosa, onde diversas confissões desde há muito convivem pacificamente. Uma guerra de agressão que provocou centenas de milhares de mortos e feridos, milhões de deslocados e refugiados, a destruição generalizada do país.

Inserida no objectivo dos Estados Unidos de, procurando manter a sua posição de potência hegemónica a nível global, impor o seu domínio sobre o Médio Oriente, sobre os seus recursos e enquanto posição geoestratégica, a agressão à Síria, tal como as guerras contra o Iraque ou a Líbia, é também acompanhada por uma ampla campanha mediática de manipulação e mentira. Uma campanha que chega a glorificar terroristas responsáveis pelos mais hediondos crimes como lutadores pela liberdad; que sempre procurando justificar a agressão militar rapidamente esqueceu a utilização de armas químicas quando não era já credível poder imputá-la ao governo sírio mas era óbvia a sua utilização pelos grupos terroristas; e a passagem destas e outras armas através, por exemplo, da Turquia. Campanha que tenta desvalorizar e mesmo apagar acontecimentos que representem a tentativa de resolução política do conflito, como a aprovação de uma nova Constituição em 2012, respondendo a uma das exigências da oposição Síria; as conversações entre o governo e a oposição, como recentemente em Astana, no Casaquistão; ou a realização de eleições parlamentares em 2012 onde a coligação de partidos que apoiam o governo do presidente Bashar Al-Assad conquistou 168 dos 250 lugares no parlamento; ou as eleições presidenciais de 2014 com a reeleição de Assad com 88 por cento dos votos.

Os EUA e seus aliados, com o objectivo assumido de mudança de regime, em clara violação dos princípios da Carta das Nações Unidas, do Direito Internacional e da Declaração Universal dos Direitos Humanos, desrespeitam a soberania, a independência e a integridade territorial da Síria, não só pelo seu apoio activo aos grupos mercenários, mas igualmente com a sua intervenção militar directa na Síria à revelia das autoridades deste país e da legalidade internacional, e impõem ao povo sírio sanções económicas que agravam ainda mais as dificuldades desencadeadas pela agressão militar.

Para estes seis anos de resistência à agressão foi essencial a unidade do povo sírio, mas também, no plano militar, tem sido determinante o auxílio de forças militares russas e iranianas que apoiam as forças sírias no seu combate contra os grupos terroristas e em defesa da população, uma presença e apoio militar que ocorrendo na sequência de um pedido das autoridades sírias se realiza no respeito da soberania deste país.

A insistência dos EUA e seus aliados na escalada de confronto aumenta os riscos de agravamento do conflito, com consequências imprevisíveis à escala global.

É urgente promover a solidariedade com a luta da Síria e do seu povo, acompanhada da denúncia da agressão militar, da exigência do seu fim, assim como das sanções contra a Síria, criando condições para que a paz permita assegurar o respeito pelo povo sírio e pelo seu direito a escolher o seu presente e futuro livre de qualquer ingerência externa.




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